Palavras de Alento

26 de nov. de 2011

A Curiosidade Matou o Gato

Eu já quis ter uma máquina onde fosse possível ver o futuro, pois sempre fui fascinada pelo que está por vir.
Queria poder vislumbrar a carinha do meu filho, já crescido. Ver qual aparência eu terei dentro de um corpo de 50, 60 anos. Saber quem estará ao meu lado. Comprovar se as coisas pelas quais lutei valeram a pena.
Eu desejava uma máquina que me possibilitasse, nem que fosse por um instante apenas, descobrir se o caminho que escolhi me permitirá chegar feliz ao meu destino. E se esse destino corresponderia ao que eu espero, ou se o Criador reservou algo diferente disso. De qualquer sorte, acredito que ele escolheria bem, sempre pensando no melhor pra mim.
Eu tinha uma curiosidade absurda com relação ao futuro. Na adolescência, ficava especulando, junto com meus amigos Mercinho e Toni, como estaríamos dali a 10, 20 anos... Estudávamos numerologia, quiromancia, tarô, astrologia... tudo isso por conta de uma curiosidade absurda de saber o que a vida nos reservava.
Mas essa ansiedade passou. Passou depois do último reveillon, quando uma verdade me foi negada. Mas eu pude vê-la nos olhos da taróloga com a qual me consultava. Ela quis me poupar, eu sei, mas me deparei com aquele destino inexorável poucos meses depois. Entendi naquele exato momento que as coisas pelas quais temos que passar nessa vida, nem sempre devem ser reveladas.
Agora me aquieto, vivo, tento plantar boas sementes e aguardar o futuro sem pressa, apenas com o entendimento de que colhemos tudo que plantamos.

(A curiosidade era tanta que eu descobri um site que me revelou minha face dentro de alguns anos.)
2010 - 2050


20 de nov. de 2011

Em Campanha

Minha amiga Viajante, autora do blog Foi Assim, certa vez entrou em campanha pedindo votos para um conto seu, que participava de um concurso cujo prêmio era uma publicação num livro. Entramos todos em campanha, votamos muito, mas no final foram só dez contos escolhidos e nossa amiga ficou de fora (embora seu conto fosse excelente!).
Agora é a minha vez de pedir voto. Meu sobrinho César, aquele fofo que vocês já conheceram através desse post (que diga-se de passagem é o mais comentado do blog), está concorrendo ao Bebê Hipoglós 2011. E com isso toda a família e amigos estão mobilizados para votar muito e fazer a alegria dos pais dessa lindeza.
Conto com o precioso voto de vocês, meus queridos internautas, seguidores e leitores fiéis.
São só dois cliques, não deixe de votar no pequeno, ele é lindo e merece!


Clique no link e vote: http://meu.bb/180830

16 de nov. de 2011

A história secreta da Mulher Só e do Homem Sem Tempo

Capítulo XXXII

Em Barcelona o dia 12 de junho era uma data como qualquer outra. A Mulher Só estava agradecida por estar longe das campanhas publicitárias que tanto provocam os corações apaixonados, quanto magoam os solitários. Sempre tentara não sucumbir aos apelos da mídia brasileira, mas neste ano, mesmo distante, ficava a imaginar como seria passar o Dia dos Namorados, mais uma vez, sozinha. 
Era mais um sábado quente de quase verão e choviam convites para as baladas nas boates. A Garota Francesa já havia reservado uma mesa e o DJ Catalão estava animadíssimo com a possibilidade de saírem juntos novamente. Não dissera que não iria, mas parecia que seu quarto a arrastava pra dentro. Pilhas de livros para ler e de páginas a escrever. Mas ela era só desencanto. 
Pouco antes das duas da tarde recebera uma mensagem de texto que mudara a cor do seu dia: 

“Chego a Barcelona hoje à tarde. Encontre-me às 20hs no Hotel Arts. Saudades imensas.” 

Ela não acreditava no que seus olhos liam. Era muita cara de pau dele enviar-lhe aquela mensagem achando que estaria disposta a vê-lo novamente, depois do bolo que havia lhe dado um mês atrás. Já haviam conversado sobre o ocorrido por telefone e e-mail, ela inclusive já havia decidido não lembrar, nem sofrer mais por aquilo. Mas fora tomada de surpresa e não sabia o que responder, por isso mesmo nada respondera. 
À noite, enquanto se arrumava para sair com os amigos, olhava insistentemente para o relógio. A Garota Francesa lembrava pela enésima vez que era cedo para se aprontar, ainda nem eram sete da noite e as boas festas não começavam antes das dez. Calçou um par de sapatos vermelhos de saltos altíssimos que a amiga lhe emprestara, pôs um vestido preto, caprichou no perfume e saiu sem pentear os cabelos e sem dizer uma palavra. 

To be Continued

9 de nov. de 2011

2 anos - 100 Seguidores

Hoje sinto-me imensamente feliz e prestigiada. 
Faz dois anos que criei este blog, sem nenhuma pretensão de ser um sucesso de bilheteria. Queria apenas registrar em algum lugar as coisas que me vinham à cabeça. 
E assim foi. 
Mas foi mais! 
Com o blog eu passei a ler mais - ainda que seja no computador, a escrever mais - ainda que poucos leiam, e por último, mas não menos importante, eu passei a conviver num universo fascinante, onde conheci pessoas maravilhosas, que escrevem coisas lindas, que se apoiam, se validam, doam seu tempo pra ler os desabafos alheios e são extremamente carinhosas.
A todos vocês, meus cem seguidores, leitores, amigos, parceiros e até aqueles que só vêm dar uma espiadinha, o meu muito obrigada. Fiz o selinho abaixo com muito carinho para vocês levarem para os seus blogs.
Um grande beijo e voltem sempre!
(Selecione a imagem, depois dê o CTRL C / CTRL V pois o botão direito do mouse está bloqueado)

6 de nov. de 2011

Rumo à Independência

Estava na sala, bestando na internet, e o menino no quarto, vendo um DVD. 
Silêncio em casa.
De repente ouço um barulho de água. Não era chuva, mas algo muito semelhante a um barulho de torneira aberta. Duvidando de meus próprios ouvidos, chamei:
- Bento? - levantei-me e me dirigi ao quarto com uma certeza em mente: "ele não alcança a pia do banheiro!"
Qual não foi minha surpresa ao chegar ao recinto e vê-lo de  pé, em cima do vaso sanitário, enxugando as mãos com uma toalha.
- Você lavou as mãos? - não acreditava no que meus olhos viam.
- Sim, elas estavam sujas de baba de menino.
A baba dele mesmo, que acabara de comer biscoitos.
Iniciativa, atitude, autonomia, independência ou simplesmente traquinagem?
Depois dessa eu fico tentando imaginar qual será a próxima dele... daqui uns dias vai querer morar sozinho!

2 de nov. de 2011

Sobre o Câncer

Há assuntos que ficam martelando, me cercando, me rondando. E por mais que eu evite, eles retornam. O câncer é um desses assuntos. Tento há meses não falar sobre isso, não opinar sobre esse mal que está por exterminar a humanidade. 
Tá certo, a doença sempre existiu. No início as pessoas morriam cedo, de causas desconhecidas, provavelmente acometidas pelo câncer, sem sequer saber. Muitos morriam após definhar meses em cima da cama, tossindo muito. Depois veio a fase da vergonha, do medo, como se ter câncer fosse uma maldição que deveria ser escondida. Até pronunciar a palavra parecia proibido, muito referiam-se ao câncer como C.A..
Eu, que nunca tive medo de palavras, mas sim respeito e cuidado ao usá-las, repito-a quantas vezes for necessário, porque não me deixo escravizar pelas palavras, elas não podem ser mais fortes do que eu, então jogo ao vento aquilo que quero longe de mim.
Última foto de Crístian, tirada 20 dias antes de sua partida.
A maioria dos leitores deste blog sabe que acompanhei a luta que meu irmão travou durante oito meses contra o câncer. Era bonito vê-lo acreditar na própria recuperação, cuidar de si mesmo, tomar todo tipo de remédio caseiro que ensinavam... Mas era como enfiar um punhal em meu peito presenciar seu estado após as sessões de quimioterapia, a magreza, a falta de apetite, o desespero de minha mãe (esse item daria um capítulo à parte...). 
E no final do filme triste ainda tive que me conformar com a perda mais dolorosa que enfrentei nessa existência. Entender, aceitar e se acostumar com a falta de alguém que passou a vida inteira comigo foi (e ainda é) um exercício de resinação que acabou me trazendo maturidade e força. 
Quando tomei conhecimento da doença de Gianechinni me deu um aperto no coração... tão jovem, pensei, "já vi esse filme antes"... mas mesmo não o conhecendo pessoalmente, peço a Deus pela sua saúde e recuperação. Depois veio a morte do gênio Steve Jobs e agora a notícia de que o câncer acometeu também o ex presidente Lula. Imediatamente uma sequência de polêmicas foram desencadeadas nas redes sociais. Sem palavras pra expressar o meu repúdio por essa gente que se aproveita da dor alheia pra tripudiar e trazer à tona assuntos nada edificantes.
Precisamos ser mais humanos, mais solidários, mais humildes e parar de pensar que nunca vai acontecer conosco. Meu irmão era um rapaz jovem, saudável, vegetariano, vaidoso, sem vícios e que se cuidava muito! Morreu de câncer no pulmão. Alguém me explica isso? Pode acontecer com qualquer um: Uma dona de casa, um artista, um desempregado ou um presidente da república. Todos estamos suscetíveis.

PS: Um beijo aos amigos queridos, seguido das minhas desculpas pelo desabafo.
(Já são 240 dias sem aquele abraço, aquele sorriso, aquela voz...)
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